«Princípio» e «fim» são dois exemplos de como e quanto a racionalidade humana é confusa e imprecisa.
Pois em nenhuma circunstância vivenciável são achados um princípio e um fim absolutos.
Ambos são conceitos... puramente ideais! Não se encontram, não se evidenciam, em parte alguma.
O fim é, tão-somente, a derradeira etapa de um processo. Ou a transição para um outro. E o mesmo valendo para o princípio.
Por vezes é quase impossível determinar, mesmo, a génese de uma realidade como seu princípio inequívoco. Por exemplo: o início das vidas humanas, singularmente consideradas.
Ainda quando é dito: «eu sou o alfa e o ómega», não está aí pressuposto o início, ou o fim, mas sim um ciclo aparentemente infindável, pelo menos a partir do primeiro alfa, uma vez que o ómega se resolve, de novo, em alfa, assim deixando de ser ómega, isto é: deixando de ser fim. Pois um processo com puro início e um fim absoluto tornar-se-ia imensidão isolada, o que significa dizer: realidade isolada e estanque: uma pura ilusão. Ainda assim, uma ilusão muito potente, dado ter a capacidade de se produzir enquanto mera ilusão!
Neste caso, alfa e ómega coincidem – ou são o mesmo.
O fim como momento estanque, que não oferecesse passagem para realidade alguma, pressuporia um caminho isolado, fora da relação a outros caminhos.
E se o considerássemos como fim de um processo sem início, então mais inconcebível ficaria.
Mas o processo com rigorosos início e fim igualmente não se concebe senão no plano puramente hipotético (ideal).
Por tais limitações é que a racionalidade humana e toda a forma de racionalidade natural estão presas da explicação (a consciência é aí prisioneira do nexo causas-efeitos) e alheadas da compreensão das realidades (aqui a consciência é global, meta-espaço-temporal, acima da relação causal).
13–08–2013