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Pragmatismo, Atualidade e Valores
Pragmatismo, Atualidade e Valores

Um objeto do meu combate ideológico é o praticismo do pensamento anglógeno, pragmatista.

Constato esse espírito bem incrustado nas mentes e nos comportamentos das pessoas em Inglaterra. Uma atitude essencialmente prática ante a realidade.

Por isso é que o liberalismo se acha ali levado quase ao extremo: os preços variam consoante a procura-oferta e a hora do dia... .

Ou seja: ali impera o domínio da ação – não o da reflexão, por oposição concetual.

Domina o sentido da utilidade – e o pragmatismo, que se trata da «filosofia da ação», está fundamentalmente voltado para o aspeto útil das coisas, que é aquele que seja passível de manipulação.

E a manipulação tem a ver com a tangibilidade – pois só o que se consiga tanger, ou seja: somente aquilo que possa ser visto, escutado, tocado, etc, é que se poderá manipular.

Esta atitude emana diretamente da perspetiva materialista das realidades, para a qual apenas o que seja sensorial(izável) terá interesse. Pois o que o não seja logo foge ao controlo (=manipulação) e por isso deixa de interessar (deixa de ser útil, precisamente).

Mas o materialismo é resultado da primeira forma de utilitarismo do pensamento anglógeno da modernidade pós-renascentista: o empirismo da escola anglo-escocesa de John Locke e David Hume, o qual sustenta que tudo aquilo que se possa sentir e conhecer se resume à realidade que os nossos Sentidos apreendem. Filósofos esses que consagraram o sensorialismo e reduziram a Realidade ao que banalmente se sinta – distantes, portanto, do criticismo ontológico e pró-fenomenologista das escolas de pensamento alemãs, muito mais profundas e não imediatistas, buscando nos gregos a inspiração e não no Sentido Comum rudimentar que informou e conformou o pensamento britânico da modernidade e sua extensão pragmatista norte-americana da contemporaneidade de século vinte.

É esta mentalidade que, através da famigerada globalização, conduziu a humanidade ao estádio atual de miserável mediocridade em que se encontra, cultivando o fácil e imediato (pois as massas não entendem o difícil!), o espetaculoso, a fachada (a aparência, não a essência), o padrão (trata-se do igualitarismo do pensamento populista pseudodemocrático...).

A (tão badalada) «crise de valores» promana daí – e a atual crise económica também, pois esta começou pela bolha imobiliária nos Estados Unidos, gerada a partir da democratização do crédito à habitação, que a Península Ibérica seguiu à letra, pelo qual um simples pelintra adquiria o (fictício!) direito a adquirir habitação própria, cujos encargos por fim deixaria de poder suportar e assim gerando o efeito dominó no esquema geral traçado por uma banca demasiado calculista e intencional, ou então irresponsavelmente ambiciosa.

Eis, então, como uma atitude mental geral, que é cultural, pode originar uma crise de valores tamanha, em que deixa de contar o que seja espiritual (moral), para prevalecer o ditame material do imediato e aparente.

 

A Terra está, de facto, um nojo!

 

EV