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Ainda Pambani
Ainda Pambani

Estava hoje na Internet e ocorreu-me Pambani, descobrindo-o em página do impropriamente denominado «Diário da República» (pois jamais existiu uma «república» sequer, pelo que o pretenso «Diário» dever-se-ia humildemente adjetivar «Diário do Estado», já que este existe e na sua forma a mais tradicional possível: implacavelmente repressivo).
Tratou-se do n.º 83 daquele «Diário» português, publicado a 30 de abril de 2007, na sua II Série.
Assunto: «julgamento por contumácia».
O “grande crime” de Pambani?
Conduzir veículo motorizado sem a devida habilitação. E por isso julgado («à revelia») 8 anos (!) volvidos.
Quem, estando cego, todavia pode ver, não é cego.
Por isso não existe uma «justiça cega» – tal como não existe um amor cego.
O «amor cego» não é amor – é estupidez.
E a justiça cega não é justa – é grosseira e obscena (Cristo escorraçá-la-ia, como o fez aos vendilhões do Templo).
Que moralidade para se poder condenar alguém, por transgressão não lesiva de outrem, possuam Sistemas que reiteradamente sancionem, ao sistematicamente arquivarem processos e indeferirem-lhes requerimentos e recursos, as ilegais marginalizações profissionais e consequentemente sociais de cidadãos honestos e laboralmente competentes, como por exemplo sucedeu ao autor destas páginas?!
Que moralidade, por ventura?
Que moralidade possuam tais Sistemas, que deixem soltos e impunes, por delitos verdadeiramente graves, certos indivíduos verdadeiramente perigosos?!
Duas caraterísticas do angolano em particular e dos negros em geral (colocados, pela História, no átrio da riqueza global, à espera de poderem entrar pela porta normal de acesso):
1) O sonho de viver com qualidade;


2) A capacidade de lutar por esse sonho e a tenacidade que ela determina.

E por isso e tantas vezes, a transgressão ingénua.
Roy Harper, de certo inspirado na grandeza australiana das suas misérias e virtudes, compôs e cantou a sublime «Frozen Moment» do seu trabalho com Jimmy Page titulado «Whatever Happened to Jugula» («process of my words profanes…», assim começava a canção).
Então:
– Whatever happened to Pambani. Meu patrício de Angola.

15 de agosto de 2009

[In: A Alma da Existência, Atrevimentos Poéticos]