https://www.youtube.com/watch?v=CEYTR3as65E
O doutor César Fructuoso, fazendo eco do que já se especula desde há vários anos, conjetura sobre a possibilidade de os «buracos-negros» ou «de minhoca» serem 'portais' para uma outra 'dimensão'. A qual, ainda em seu entender, poderá corresponder a um «universo paralelo». E nestes, incluídos os «planos espirituais».
Curiosamente, também eu já especulei, de mim para mim mesmo, não o que Paulo Fructuoso exatamente especula em suas implicações mais amplas, mas sim acerca de uma POSSÍVEL relação inclusiva entre aqueles mesmos «buracos-negros» e as alusões ao «túnel negro» das chamadas «experiências de quase morte», cuja sigla, provinda do inglês, é «NDE», da correspondente expressão «near-death experiences», alusões essas que por fim desembocam, na sequência de tais narrativas, em um (aconchegante) halo de luz muito intensa (que não cega...) e que são referência comum nos relatos de «experiências de consciência em quadro clínico de morte aparente» [sigla «E.C.Q.C.M.A.», ou «EdCeQCdMA», como as designo, por oposição à fórmula simplista «NDE» usada pelas culturas anglófonas, sempre abreviadoras, sempre simplificadoras, de tudo, afinal de acordo com as correntes filosóficas que essas mesmas culturas institucionalizaram e professam, que são o «empirismo», o «pragmatismo» e o «utilitarismo», todas elas conducentes a uma empobrecida visão «materialista» das coisas, que é a visão que atualmente impera neste mundo globalizado, muito por força da vitória norte-americana nas duas frentes de batalha da IIª Grande Guerra do século vinte, a ocidental (contra a Alemanha) e a oriental (frente ao Japão), que, entre outras consequências, fez com que o inglês se impusesse como Língua 'universal', pois até então o inglês era a Língua internacionalmente utilizada nos meios comerciais, mas era o francês que era considerado no meio diplomático das relações internacionais], assim como ouso desconfiar da própria condição e da finalidade do Sol e das demais estrelas, cuja presença pode ir além da simples utilidade que têm para a constituição da Vida em seus entornos, portanto não se limitando a serem fornalhas de fusão nuclear, como a (académica) física simplista as apresenta, a essas mesmas estrelas.
Contudo, tais SUPOSIÇÕES, minhas ou de Fructuoso, não passam de meras, de puras, especulações. E, pior que tudo isso, será o aventar da possibilidade, da HIPÓTESE, de que um «buraco-negro/de minhoca» possa ser um portal para um «universo paralelo», além de se avançar a hipótese outra de que o «plano espiritual» possa corresponder a um universo paralelo, tudo isso não constituindo mais do que simples delineamentos de teorias por suas vezes edificados sobre teorias científicas que, por si só, já de si são teóricas, pois a existência de um «buraco-negro» está provada perifericamente, mas não interiormente, não se sabendo como seja e como se comporte em sua estrutura ou interioridade, muito menos a existência dos «buracos-de-minhoca», estes, sim, meramente supositivos.
Assim é que especular sobre todas essas possibilidades represente pretender teorizar-se sobre meras teorias, pelo que a teorização acaba demasiado precária, dado se constituir sobre os não consolidados pilares de uma teoria outra. Dupla teoria (ou dupla teorização), por conseguinte. E para o caso de se aventar a possibilidade de o «plano espiritual» poder corresponder a um «universo paralelo», colocamo-nos aí, então, em situação ainda mais precária, pois a suposição da existência de «universos paralelos» nem sequer é teórica e sim meramente especulativa, conjetural, tal como o são a assunção de buracos-de-minhoca e toda e qualquer especulação em torno do conteúdo físico e sobretudo em torno da termodinâmica dos buracos-negros, se é que ali ainda se possa falar de «termodinâmica».
Uma «teoria de teorias» vale o que valha. E toda a «simples especulação» feita com base em teorias e a partir delas ainda mais valerá o que possa vir a valer, ou seja: será uma pura, uma gratuita, especulação. Mas todos nós, enfim, (ainda!) somos livres de especular. Valha-nos isso. E para que se construa uma «certeza», sempre terá de se partir de uma «teoria», pois as teorias são pontos-de-partida explicativos em busca da demonstração, por isso se erigindo a partir de hipóteses, que, como o termo indica, são sub(hipo-)teses (a «tese» é o ponto-de-partida explicativo, todavia já demonstrado... teoricamente, ainda que não «praticamente»). Pelo que, em última análise, toda a teoria ergue-se a partir de uma simples conjetura inicial. A menos que o sujeito da conjetura seja tão «sábio», que já conheça previamente as respostas às questões...
As intervenções de Paulo Fructuoso e seus trabalhos e reflexões em torno da temática espiritualista e sua ligação às conclusões ou aos meros vislumbres da ciência humana terrestre da atualidade têm seus méritos e pertinência por virem de quem vêm (alguém ligado à medicina – cirúrgica, ainda para mais!), acrescendo-lhes a temeridade de tal... ousadia (...anti academista).
«(...) E quando começamos a abrir os olhos ao visível, há muito havíamos todavia aderido já ao invisível», escreveu Gaston Bachelard.
{O «espírito» é uma realidade muito mais real do que a «tangibilidade/quantificabilidade física», porquanto esta flui incessantemente e passa, tornando-se assim altamente ilusória, ao passo que o espírito permanece, inalterável, enquanto foco semântico/entidade metaquântica que em ESSÊNCIA ele é. [Em filosofia podemos denominá-lo «consciência pura», que não é mais do que a capacidade, de potência/valor não quantificável, para todo e qualquer exercício cognitivo, por isso se revelando condição sine qua non de existência, sabendo nós, igualmente, que, em termos filosóficos, não há existência sem seu devido enquadramento racional, nem que seja, ao menos, a um nível basilar intuitivo, pelo que o «fator cognitivo», ou seja: a consciência, tem, sim, primado sobre a quantificabilidade do mundo físico, uma vez que é ela, consciência, que toma conhecimento do mundo físico e o aponta como tal, validando-o, enquanto, por outro lado, a mesma consciência tem consciência de que é isso mesmo, uma «consciência», ou seja: um polo conferidor de sentido e por isso se constituindo um «foco semântico», enquanto «entidade metaquântica» que é (os 'contactos' de Enrique Mercado Orué chamar-lhe-iam «energia sem massa», o que equivalerá a dizer: «energia pura»; contudo, o «pensamento», enquanto «força», está mesmo para além da energia «pura» e adentra os domínios da essência universal, a qual é a «vibração essencial», ou seja: vibração «pura», que, por sua vez, determina a «energia... pura»; e falar-se em «puro» adquire sempre a semântica filosófica de «absoluto». Pois o «Mundo» não é senão uma «modulação da frequência»; além da modulação e previamente a ela, postula-se a vibração sem frequência, isto é: sem modulação; por isso é que é «essencial», ou seja: é «pura»: absoluta, de valor inquantificável; coincidência de emissão e eco/retorno: quando regressa à origem, a vibração percebe que nem saiu de si: a intensidade vibratória é tal, a um nível puramente energético, que a partida e o regresso coincidem; por isso é que, em essência, não há movimento: este é um produto da relação, uma ilusão dos sentidos, tal como o «espaço» dito «sideral» igualmente não existe em essência, mais não sendo do que o Produto da Relação e, por isso mesmo, uma ilusão do Sentido, jamais se constituindo como recetáculo vazio do mundo físico, como sensorialmente assim sempre o entenderam, incluso a própria ciência e o empirismo filosófico que a conformou academicamente tal como ela se apresenta hoje em dia; é por isso que o «espírito» é «metaquântico»: ele tem o dom da ubiquidade e não fica submetido a realidades que não são mais do que miragens do Sentido físico, como são os casos do «espaço» e do «tempo»)].
Outra precisão que aqui cabe fazer sobre a «vibração essencial»: a Vibração estrutura o universo físico, porquanto, enquanto realidade «pura», ou seja: de valor «absoluto», ela escapa à fluidez passageira desse mesmo universo, uma vez que, nela coincidindo emissão e receção, isto é: coincidindo manifestação e eco, ou produção e eco, em si se torna eterna, sem início nem fim e, consequentemente, sem quantum, sem medida, assim se constituindo verdadeiramente real, pois só aquilo que se posicione fora da contabilidade, fora do espaço e do tempo, como entidade única naquele estrito plano, é que poderá reclamar a condição de eternidade; aliás: é nessa vibração pura que reside a verdadeira essência, a verdadeira base, da corpuscularidade, mas a corpuscularidade que é mesmo real, pois permanece e não muda na sua estrutura; a outra corpuscularidade, que é a do mundo físico em que nos movemos, essa é uma ilusão de corpuscularidade, pois se vai constantemente alterando, até deixar de se constituir uma corpuscularidade e se diluir em outros compostos que entretanto surjam, ou se diluir simplesmente no Meio em que se encontre, como acontece, por exemplo, a muitas estrelas que explodem como supernovas.
E para que haja uma «vibração», terá de existir uma força; só que essa força terá de ser de tal ordem, pois não se radica em nenhum corpo nem se exerce sobre nenhum outro corpo específico, que, por si só e em si mesma, é todavia capaz de criar aquilo que se torna a realidade, ou existência, primeira, da qual as demais partem ou se iniciam.
Martin Heidegger, no ensaio filosófico «O Que É Uma Coisa?», mas também no tratado de filosofia ontológica «Ser e Tempo», evidenciou, com brilhante clareza, que a verdadeira realidade nunca a encontraremos na ilusória tangibilidade material, não só porque nada, na Natureza, permanece, e muito menos permanece inalterável, como também as flutuações do nosso Sentido, da nossa sensorialidade, associadas à própria divisibilidade do mundo físico, jamais poderão permitir descortinar, aí, uma inequívoca realidade, mas antes e tão-só, a ilusão do efémero.
O universo físico, a que também designamos «Natureza», apresenta-se, a nossos olhos, como uma composição de composições, isto é: como uma intrincada espiral de subdivisibilidade: nós fazemos parte de um ecossistema, a Terra, que, a sua vez, se encontra imerso em um sistema estelar, que é o do Sol, junto com outros planetas e demais corpuscularidade secundária informe, sistema o qual se insere em um grupo estelar com outros sistemas particulares similares em génese e composição, até se chegar, nesse somatório, ao plano galáctico, o qual em si também engloba outras estruturas termodinâmicas, como imensas nuvens de gases e poeiras intRAgalácticas, daí se transitando, então, para outros níveis, estes já intergalácticos, depois se prosseguindo para o plano das redes intergalácticas ou «de enxame» e por aí afora; a um nível microcósmico, no sentido oposto, começamos por nos deparar com a divisão do corpo orgânico em órgãos e estes, por suas vezes, em tecidos, os quais se compõem de células que se apresentam divididas em moléculas orgânicas gigantes, por seu turno compostas por moléculas mais simples, as quais se revelam encadeados atómicos complexos, evidenciando, esses átomos, constituírem-se de subparticularidades físicas estruturantes dos mesmos átomos, por fim parecendo aí transitar-se para um plano praticamente já nada quantificável, no qual as estruturas físicas se mostram extremamente instáveis e de duração muito pouco percetível. Até que definitivamente se transita para um plano perfeitamente metaquântico, no qual se torna completamente inútil utilizar as ferramentas de medição que aqui usamos, muito menos procurar olhar-se qualquer realidade aí existente com estes olhos pelos quais olhamos os fenómenos e os factos, agradáveis ou não, belos ou horríveis, do mundo físico em que nos movemos.: aí estaremos, então e por fim, no plano do espírito, no domínio metaquântico da energia pura, no qual certas entidades conseguem divisar, então, a passagem, a porta, para o plano da vibração essencial, no qual ressoa, no qual ecoa, a «melodia sem pauta que jamais algum ouvido escutou» e à qual assim se referiu Léo Ferré. E eis-nos aí chegados à caixa de Pandora da Existência Simples, da verdadeira existência, na qual todas as possibilidades existenciais se encontram como verdades imutavelmente perpétuas.}
EV,
Setembro de 2020.