Nem acaso natural, nem necessidade natural.
Aquilo que acontece, verifica-se necessariamente, mas porquanto simplesmente ocorra.
Era uma possibilidade de acontecimento. E por isso, uma viabilidade – uma realidade expetável. Absolutamente necessária enquanto possibilidade!
A sua realidade, porém, dependia dos contextos e das soluções daí decorrentes – ou seja: dependia dos nexos que os contextos determinassem, enquanto cadinhos de causas geradoras de efeitos (acontecimentos).
E como o acontecimento fica dependente desses contextos que o geram e os contextos mais não são do que mananciais conjunturais de possibilidades de acontecimento, então o que ocorre torna-se, porquanto acontece, um acaso necessário.
Pois também não deixa de ser casual, uma vez que, acontecendo porque simplesmente ocorre, pode todavia não ocorrer: depende dos contextos que o originam, enquanto acontecimento que é, assim se tornando, então, casual: poderia ter ocorrido de outro modo, caso uma singela variável contextual se alterasse substancialmente. E dessa forma deixando de ser «necessário».
Nada acontece, na Natureza, «por acaso».
Mas também nada aí deterá o caráter de necessidade absoluta. Já que a Natureza dispõe da suficiente margem de possibilidade, que a torna minimamente imprevisível.
E mesmo quando se diga que os seres naturais dotados de autonomias de raciocínio, de vontade e de deslocação, detêm a liberdade de agir, à qual chamam «livre-arbítrio», este permanece um fator de decisão autónoma, é certo, mas completamente condicionado pelas estruturas físicas, primeiramente, e bioquímico-biológicas, secundariamente.
Nem puramente casual. Nem absolutamente necessária.
A Natureza é... apenas uma ilusão.
EV,
9–9–2013.