Os espiritólogos da «doutrina espírita» professam, de um modo quase cego, por certo candidamente e em devida (?) observância ao mestre, os princípios da expiação (...de culpas) em função de uma redenção (...espiritual), de acordo com o princípio outro de que cada um possui um espírito que foi criado pela divindade, mas nunca mais expirará (enquanto essa divindade nunca começou, sendo eterna), devendo progredir a partir de uma génese ignorante e inocente, no sentido de se realizar como sapiência e bondade, por isso tendo de se ir aperfeiçoando na prossecução desse objetivo.
Ora:
1) É impossível ter-se INÍCIO e depois NÃO se TER FIM! Porque assim ser-se-ia eterno no sentido do futuro e porém não eterno no sentido do passado.
A um nível de realidade puramente espiritual NÃO EXISTEM parâmetros temporais, para que se pudesse falar ainda em início e fim ou não fim.
2) Não faz qualquer sentido a expiação «por determinação divina», porque nenhum criador realiza a obra, para depois continuar, ainda que fosse muito INDIRETAMENTE, ligado a ela por uma espécie de supervisão dos bons ou maus comportamentos das criaturas! Pois um verdadeiro Criador produz a obra e, como Roland Barthes escreveu, «deixa de se ligar a ela e só assim ela perdurará»! Uma vez que obra de um VERDADEIRO Criador que mais tarde siga religiosamente os passos desse Criador, passa a não ser obra divina, mas simples extensão do Criador, coisa só ilusoriamente independente. Porque a VERDADEIRA OBRA fica entregue aos próprios princípios de constituição e de regulação. A isso se chamando LIBERDADE! E seja essa liberdade a liberdade dos princípios físicos de interação natural, a que os humanos estupidamente chamam leis da Natureza, ou pior ainda: leis da física, como se a sua disciplina académica denominada «física» se tratasse de um saber divino, verdadeiro, ou seja aquela liberdade a liberdade moral, liberdade de agir segundo princípios de ordem racional, a que correntemente chamam «livre-arbítrio».
Bem: uma Consciência Absoluta, como onisciente e onipotente que necessariamente tem de ser, jamais criaria, feita criança que gostasse, muito naturalmente, de brincar, uma Natureza manipulável e segundo uma ordem permanentemente revisível.
Os espíritas institucionais até estão próximos da intuição da Verdade; mas deixam-se perder nos vícios concetuais da racionalidade humana (...afetados pela visão humanista).
20-05-2013.