Há um princípio de inteligência, de valor absoluto, a reger a existência em geral (= Existência).
Aliás: existir implica ter consciência desse facto, como se aprende em filosofia universitária. E a consciência é uma forma de exercício daquele princípio inteligente. Este constitui uma mera CONDIÇÃO e por isso se distingue do exercício intelectual. A essa condição lhe chamo «Pensamento». Uma vez se exercendo, tal condição-Pensamento torna-se pensamento em ato. E a consciência é a primeira forma de pensamento atuante, sendo o raciocínio lógico o seu segundo modo (ou momento) de exercício.
Pois a realidade que existisse sem que tivesse consciência dessa existência, nem algo mais houvesse que pudesse ter consciência dela como realidade existente e não apenas possível, simplesmente não existiria como realidade, porque se trataria, aí, de uma realidade completamente ignorada. E isso equivaleria ao Nada.
É por tal razão que a existência puramente objetiva não faz sentido e realmente não existe; ela é somente produto de uma afirmação supostamente científica, mas que emana do acrítico, ingénuo e crente Sentido Comum, ainda que proferida por algum eminente cientista, ao jeito de Stephen Hawking e outros semelhantes, produzindo asserções todavia altamente destituídas de caráter verdadeiramente racional (lógico). E só mesmo uma pseudociência casmurra e simplista, para teimosamente defender, tempos fora, tal frágil assunção.
A posição de Sendy porém não é a nossa. Ele não foi filósofo.
Afirmando-se anti-humanista, contudo nunca superou o seu positivismo especulativo. Logo: humanista – pois os positivistas "por ideologia" e não por "simples atitude" de facto são humanistas. E além disso, Jean Sendy sempre procurou andar a reboque da ciência estabelecida, estribando-se nas grandes teses científicas do século XX e escudando-se em duas eminências da cosmologia de então: Carl Sagan e Chklovski. Talvez para estar de bem com o leste ocidental e com o oeste ocidental.
Mas Sendy teve o mérito de perceber que a Bíblia e os mitos primitivos falaram de outra coisa diferente do "princípio universal de inteligência com valor absoluto", a que também chamo «Consciência Absoluta».
Para Sendy, o Deus da Génese está mal traduzido. Até mesmo quando aparece, mais tarde, singularizado enquanto «Adonai», «Elxadai» ou «Javé», sempre referido aos Elohim como o seu senhor ou chefe e dizendo respeito a uma mesma realidade: a realidade dos deuses ou Elohim, tal como aparece nos textos sagrados originários pertencentes à Tradição Hebraica.
Elohim é plural e quer dizer «deuses».
De facto, lendo a Bíblia (aconselha-se a versão em português dos Franciscanos Capuchinhos, comercializada pela sua Difusora Bíblica, em Fátima ou Lisboa, dada a idónea erudição dos mesmos), há ali demasiada alusão natural a factos e realidades pretensamente sobrenaturais. E aquela(s) divindade(s) é (são) tudo, menos transcendente(s).
Claro que, para um antigo, o ver um óvni surgir dos céus e de dentro saírem estranhos seres dotados de tecnologias mirabolantes, que nem mesmo nós estamos capazes de imaginar, tornava-se logo motivo para deificação.
As pistas de Nazca, Puma Punku, ou as pedras talhadas de Baalbek, mais do que a esfinge egípcia ou as estátuas da ilha de Páscoa (...a olharem um horizonte ligeiramente erguidas, como se esperassem o regresso de alguém que tivesse partido e supostamente voltasse do céu e na tangente do mar...), são testemunhos de uma antiguidade misteriosa tecnologicamente muito avançada.
Então Sendy imaginou «galácticos», a que também chamou «celestes», virem à Terra num período em que esta se encontrou mergulhada num caos geológico de superfície e na desordem meteorológica, por força da última glaciação cataclísmica: a de Würm III, hipoteticamente ocorrida entre 20 a 25 mil anos atrás (21500, nas contas de Jean Sendy).
O oceano teria baixado o seu nível para valores tão críticos, por ação de um súbito arrefecimento, que o magma deixou de ter a pressão equilibradora do oceano a exercer-se sobre si, começando então a vomitar rios de lava, poeiras e cinzas, que rapidamente envolveram a Terra e bloquearam o acesso aos raios solares e impediram trocas entre as várias camadas gasosas terrestres, mergulhando o planeta na noite persistente e no caos meteorológico subsequente (de ordem climática, portanto).
Assistiu-se a uma razia na vida à superfície e é aí que intervêm os galácticos, ou Elohim, que então «separam as águas de cima das águas sob a expansão» e fazem «vogar o seu espírito sobre elas» (espírito que retorna ao cenário em Moisés – e no Monte Sinai, pairando sobre a cabeça dos 70 anciãos, fazia com que eles «começassem a profetizar», mas logo lhes retirando tal proeza «assim que deixava de pairar sobre as cabeças dos anciãos»...).
Em 6 dias os galácticos restabeleceram o equilíbrio, tanto o meteorológico, quanto o ecológico, sobre a Terra. Descansando ao sétimo dia.
E tendo cada dia 2500 anos (...), então o total para a recuperação ecológica da Terra fora de 15 mil anos. Ou seja: descansaram há 6500 anos atrás. Em que começa a história terrestre oralmente narrada. E talvez Puma Punku... .
Tese fascinante. Racional. Mais racional do que a leitura pseudorreligiosa dos textos sagrados mais antigos. Possível. E muito, muito inteligente. Que aqui não professamos completamente, por serem discutíveis as datas e os motivos. Assim como a proveniência e sobretudo o veículo de proveniência dos Celestes de Sendy. Mas que pode estar correta no essencial.
Contudo, para Sendy os óvnis simplesmente seriam mensagens laser (para quem nunca os viu, pode tornar-se admissível...). Eram os anos sessenta do século vinte e a novidade do laser a impor-se no imaginário de Sendy, que explicava tudo, como se nada mais houvesse a descobrir para lá dessa luz modificada que o laser é... . Mas era, sobremaneira, o positivismo materialista de Jean Sendy a querer agradar aos cautelosos da cosmologia terrestre.
Para ele, os celestes demoraram séculos ou milénios a chegar à Terra, vindos de Teos I, Teos II e/ou Teos III, depois de terem localizado a Gea através da sua telescopia avançada. Porém tão certeiros, que chegaram mesmo no auge da crise geológica e do caos meteorológico, vindo então a descobrir que a Terra afinal se povoava de Neandertais cobertos de peles de animais, que caçavam e comiam. E manipulando os genes desses grunhos nossos antepassados, criaram assim o homo sapiens (Adão fora «o primeiro homem», que é isso o que também significa «Adam» – e em Russo, que se trata de uma Língua indo-europeia, curiosamente adin é a unidade, ou seja: é o número um).
Sendy não deixara de ser um humanista. Embora do século vinte, por oposição ao humanismo do século dezanove, que ele combatia acerrimamente pelo facto de ser... um humanismo, paradoxalmente.
É que, para Sendy, nada poderia deslocar-se a velocidades superiores à da luz, fundado na mítica conceção einsteiniana para o universo físico. Porque Sendy era um seguidista, apesar de se achar revolucionariamente anti-humanista e consequentemente medieval.
Contudo os óvnis existem mesmo (!); não é preciso espirrar nem ficar com alergias... supostamente anti-humanistas. Nem anti-anti-humanistas.
A Bíblia falou deles.
E os celestes não vieram apenas há 21500 anos.
Efetivamente monitorizam a Terra há muito mais tempo e fazem parte de confederações intra e intergalácticas, alguns vivendo na segurança de realidades artificiais não expostas aos cataclismos naturais, com longevidade biofísica maximizada.
Não são ficção. Nada têm a ver com Alexander Backman (um entertainer da ovnilogia e um pândego da especulação ufológica gratuita, com negócio bem escorado no marketing da ufologia).
A realidade terrestre comezinha esconde uma grande porção do fantástico.
E somente a realidade espiritual parece, por vezes, seduzir e convencer um pouco os humanos cabisbaixos.
Levante-se o olhar e perceba-se que existem realidades para lá dos Sentidos socialmente censurados e depois (individualmente) autorreprimidos, de tal maneira eles são autorreprimidos, que julgam que os armários existam independentemente de nós ali estarmos, para dizermos que os armários são precisamente armários. Não é mesmo, Hamady Gouro Diall?!
EV,
2-6-2013.